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Cerca de 35 assistentes sociais e estudantes debateram os desafios, perspectivas e estratégias de ação no trabalho de assistência estudantil em Mato Grosso

O Conselho Regional de Serviço Social 20ª Região (Cress/MT) realizou nesta quarta-feira (21), o Seminário Estadual “O trabalho do/da assistente social na Assistência Estudantil”, no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso (ICHS/UFMT), em Cuiabá. Cerca de 35 assistentes sociais e estudantes debateram os desafios, perspectivas e estratégias de ação no trabalho de assistência estudantil em Mato Grosso.

De acordo com a palestrante e assistente social do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Luciana Gonçalves Lima, a inserção do assistente social na assistência estudantil houve uma ampliação nos últimos 10 anos, devido o maior acesso e permanência nas universidades e institutos federais.

“A ampliação é positiva na medida que esse maior acesso as instituições de ensino superior faz parte do movimento de luta dos trabalhadores pela educação, que historicamente esteve restrito. Por outro lado, há um cenário de disputado entre o mercado, já que na medida que amplia o acesso nas instituições públicas o governo também implementa medidas de financiamento de capital privado. Então é um movimento contraditório, mas que sem dúvida tem ganhos para o conjunto dos trabalhadores. E o grande desafio dos últimos anos é a permanência e que incide diretamente no trabalho do profissional de serviço social. Permanência esse que não acontece por múltiplos fatores, já que as medidas implementadas para assistência aos estudantes ela não conseguem por si só garantir que a pessoa inicia e terminem dentro do prazo estabelecido para conclusão dos cursos”, apontou.

A assistente social ainda complementou que um outro desafio é como garantir estratégias de permanência para esses estudantes, já que houve um congelamento no teto de gastos nos próximos 20 anos nas políticas de educação.

Já o professor do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Kleberson Pierre Cardoso de Jesus, destacou que toda as vezes que a classe burguesa sente que existe um risco de perda de hegemonia, ela começa a buscar artifícios no regime democrático. “O processo político que passou o Brasil desde o ano de 2013 que surge com as manifestações populares, que culminou no golpe de 2016 e agora na eleição do Jair Bolsonaro, mostram um avanço de uma agenda neoliberal e que se alinha ao setor mais conservadores da sociedade.  E entendo que isso tem uma interferência direta na construção e elaboração de políticas públicas, como na educação”.

Kleberson trouxe como exemplo o caso da reforma do ensino médio, que cria um abismo social ainda maior e faz um retorno de modelo de educação da década de 30, que separava educação de ricos e pobres e separa a escola do conhecimento clássico da profissionalizante. “Além do fator econômico, já que a reforma do ensino médio responde a uma questão do processo de transformação do mundo do trabalho, nós temos também uma agenda conservadora, que na educação está refletida em um projeto que está tramitando no Congresso Nacional, que é o projeto de escolas sem partido. A presença de pautas moralizantes desconstrói um conjunto de direitos que vem sendo conquistado historicamente pela classe trabalhadora principalmente no que toca pautas identitárias, como é a questão de raça, gênero e etnia. E esse processo de escola sem partido, é escola de um partido só, da extrema direita, da ala que defende a intensificação de uma agenda neoliberal e conservadora”, ressaltou.

Para a presidente do Cress/MT, Andreia Amorim, o Seminário estadual iniciou o amplo e qualificado debate com os/as assistentes sociais que atuam nesta aérea e que seguirá nos próximos dois dias com o seminário nacional que Cuiabá recebe nesta quinta e sexta-feira, no Hotel Fazenda Mato Grosso. “Apesar do tempo curto, os pontos discutidos hoje, devido sua complexidade serão levados ao encontro nacional. Desta maneira nos mobilizarmos na resistência contra os retrocessos impostos para esta política no contexto da contrareforma do Estado”, afirmou.

Já a coordenadora de graduação da região Centro Oeste Abepss e professora de Serviço Social da UFMT, Ivna Nunes, destacou o evento construído de uma forma coletiva. “Quero parabenizar o Cress por trazer uma discussão antecipada ao Seminário Nacional e por estar envolvendo profissionais e estudantes de Mato Grosso. Isso é muito importante devido a conjuntura atual, regressiva dos direitos sociais, que tem rebatimento diretamente na política de educação e em especifico na política de assistência estudantil”, afirmou.

Mesmo pensamento da assistente social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e conselheira do CFESS, Francieli Piva Borsato. “Um evento relevante e que devido o atual cenário político é cada vez mais necessário. Convido ainda para continuarmos protagonistas nesse processo de luta junto dos sindicatos, associações e movimentos estudantis. Ano que vem teremos ainda vários eventos que discutem a educação, como o encontro nacional de educação que será nos dias 14 e 15 de abril. Evento esse que o Cfess faz parte e que visa construir um plano de educação mais combativo”, disse.

Assessoria de imprensa Cress/MT – ÍconePress

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