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Conselho Regional de Serviço Social 20ª Região (Cress/MT) realizou mais um dos encontros do mês de programação especial em alusão ao Dia do/a Assistente Social

O trabalho dos/das assistentes sociais: desafios e possibilidades e o processo de organização política e sindical da categoria profissional foram os temas debatidos nas palestras desta quarta-feira (24.05), no Auditório do Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá. Os encontros, que fazem parte da programação especial preparada pelo Conselho Regional de Serviço Social 20ª Região (Cress/MT) durante o mês de maio em alusão ao Dia do/a Assistente Social, celebrado no último dia 15 de maio, reuniu cerca de 200 profissionais e estudantes de Serviço Social.

Para a professora do Departamento de Serviço Social da UFMT, Izabel Cristina Dias Lira, um dos desafios da categoria é o aumento da superficialidade na hora do desenvolvimento do exercício profissional por conta da quantidade de atividades que a profissão acumula atualmente.

“Os/as assistentes sociais não tem o tempo adequado para realizar todos os procedimentos inerentes as nossas atribuições, ao que se referente aos atendimentos, não só dos usuários no sentido individual, mas também em ações coletivas, de grupo, intersetoriais, entre instituições e também articulando com os conselhos de direto e de política”, pontua. O reflexo disso, de acordo com a professora é a dificuldade de aprofundar o processo de conhecimento. “O que pode levar a uma redução do nosso exercício, restrito apenas as ações individuais. E hoje em dia é muito comum, que o profissional participe de equipes multiprofissionais, e é muito importante ter a condição adequada para desenvolver o exercício dentro que preconiza nossa categoria, não só na lei de regulamentação, mas no código de ético-político”, pontuou.

A professora do Departamento de Serviço Social da UFMT, Janaína Carvalho Barros (UFMT), complementou ainda que o aumento das atribuições, principalmente com a inserção da tecnologia, a falta de condições de infraestrutura e equipes reduzidas faz com que o profissional termine realizando atividades para um único programa.

“Um conjunto de condições que faz com que muitas vezes esse profissional concentre a suas atividades, nas demandas da administração, que vai requerer dele verificar alguns indicadores e atingindo metas quantitativas. Dessa maneira sem trabalhar outros assuntos importantes para ampliar a discussão de direito, para ampliar o próprio papel do Serviço Social dentro da instituição”, contou.

Janaína Carvalho ainda pontua que essas condições de trabalho não desafiam o assistente social a desenvolver ações que são da profissão como, por exemplo, um projeto de intervenção. “E nem assumir outras atribuições que poderiam ser realizadas como o trabalho na comunidade, com as famílias, com as articulações políticas no território, como as ações políticas inter setorialmente. Então é um contexto amplo que é importante colocar, que nutrimos um enorme respeito pelos profissionais, e que a discussão não vem para responsabilizar, mas sim para pensarmos coletivamente em como podemos articular em equipe por área, ou entre as áreas da categoria. Sou uma única assistente social, como eu posso articular com outras assistentes sociais que também trabalham na educação, na saúde, em outro setor? Pensar juntas ações que venham a fortalecer o nosso exercício. Competência não é individual, ela também é coletiva e política”, ressaltou.

A professora Izabel Cristina Dias Lira também ressaltou que a o caso indidual não se descola do coletivo, no sentido dele se qualificar, melhorar sua intervenção, com educação permanente. E isso fica mais complicado com a flexibilidade nos vínculos, o que gera uma rotatividade, o que causa impacto tanto para o profissional quanto para os usuários. “Muitas vezes o profissional recorre a cursos de pequena duração voltados para o atendimento daquele cadastro, daquele programa. E não ocorre investimento no que a política fala em outros ambitos de qualificação permanente, a especialização, o mestrado. E isso impacta diretamente no perfil, que nós temos para atualidade, um profissional que requer uma competência, condições de articular as dimensões do seu exercício profissional, como uma analise”, finalizou Izabel.

Organização política e sindical

Já a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eblin Joseph Farage, destacou o processo de organização política e sindical da categoria profissional. De acordo com ela é preciso repensar a formação profissional, para já ter um direcionamento mais explicito da identidade do assistente social enquanto trabalhador, o que nos vincula mais ao projeto ético-político.

“Uma parte da nossa categoria está a serviço de um segmento da população mais pauperizado, de trabalhadores. E a nossa categoria também é trabalhadora, afinal não somos patrões. Portanto precisamos assumir uma identidade de classe, que o nosso projeto ético-político nos indica. Quando, por exemplo, se constrói a ideia de um direcionamento social, um projeto de classe a qual se vincula, tem que ter identidade, ou seja, antes da gente atender os trabalhadores, nos somos trabalhadores. E precisamos nos organizar como tal”, afirmou.

Eblin Farage pontuou que além de ser organizados como categoria profissional é preciso se organizar enquanto classe. “Os/as assistentes sociais em sua maioria não são organizados em sindicatos. Muitas vezes dependemos demais do conjunto CFESS/CRESS, e eles tem limites por ser uma autarquia, funções especificas, que é regulamentar e fiscalizar a profissão. Na hora de batalhar por um piso salarial, carreira, não é o Conselho que vai lutar por isso, porque não é a função dele, mas sim do Sindicato, organizações coletiva, movimentos sociais”, explicou.

Portanto o assistente social além de se organizar como conjunto precisa se associar ao sindicato de ramo, que atende as áreas que ele trabalha ressaltou Eblin. Ou seja, quem é da área de educação, saúde, por exemplo, precisa se sindicalizar com eles. “Eu não defendo o sindicato dos assistentes sociais, mas sim sindicato por ramo, por categoria, pois ele isola a gente. Afinal são patrões distintos, carreiras distintas, propostas de trabalhos distintos. E dessa maneira, se unifica a luta por ramo”, argumentou.

Para o estudante de Serviço Social da UFMT, Cleudiaude Marins Lopes, foi muito importante ouvir as pontuações das palestrantes e participar das ações do Dia do/a Assistente Social. “Elas trouxeram alertas para determinadas questões do cotidiano como a superficialidade do trabalho. Às vezes é preciso dar um breque e ouvir e parar para olhar determinadas coisas, porque muitas vezes nos deixamos levar pela correria do dia a dia e é preciso refletir como podemos melhorar e nos atualizar. E por conta disso participei de todos os encontros em Cuiabá”, disse.

Assessoria de Imprensa Cress/MT – ÍconePress

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