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Gestão de muitas conquistas e de valorização profissional

 Nesta entrevista, Andréia Maria comenta sobre as conquistas que o CRESS/MT obteve na gestão 2017-2020 em prol dos/as assistentes sociais

Ao se despedir da presidência do Conselho Regional de Serviço Social da 20ª Região (CRESS/MT), na gestão “Resistir na Luta. Serviço Social presente e forte”, no período 2017-2020, Andreia Maria Oliveira conta quais são os maiores desafios enfrentados pela categoria e as conquistas obtidas durante sua gestão. Aos 44 anos, Andréia é a assistente social formada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), mestre em Educação na mesma instituição, e seguiu uma longa e sólida carreira até chegar à presidência do órgão que fiscaliza a atuação profissional e luta por melhores condições de trabalho.

Com 15 anos de experiência na política de assistência social, ela foi docente em três universidades de Cuiabá e destaca que o desenvolvimento do conhecimento e a educação permanente são indispensáveis para a atuação profissional. Pensamento este que foi colocado em prática em sua gestão, na qual foram realizados vários seminários estaduais e atividades com a finalidade de melhor qualificar o exercício profissional, nos termos da ética do/a assistente social.

Em defesa da autonomia e liberdade dos/as profissionais e dos direitos humanos, a ex-presidente chama para lutar, ao lado do CRESS, cada profissional que deseja mudar as condições éticas e técnicas de trabalho.  Sobre sua experiência à frente do Conselho, Andreia pontua que “não se nasce presidente. Não existe um perfil. Ao longo desse processo a gente vai se constituindo”. Nesta entrevista ela comenta sobre os avanços do CRESS e os desafios que a nova gestão terá pela frente.

Quais os principais desafios dos profissionais assistentes sociais em Mato Grosso e no Brasil?

Para a categoria, sem sombra de dúvidas, tem algumas coisas que são muito desafiadoras. Num primeiro momento seria atuar com autonomia frente ao avanço do conservadorismo e de tamanha restrição de recursos, que acabam interferindo na capacidade, na possibilidade do efetivo exercício profissional e nas condições de trabalho. Outro desafio diante do cenário é nós darmos continuidade na defesa da garantia do direito do assistente social a ter a sua carga horária de 30 horas.

Quais avanços obtidos na sua gestão?

Muitos avanços! Sem falsa modéstia, a gente conseguiu avançar internamente nos nossos instrumentos de gestão. Melhoramos a nossa capacidade de chegar até a o/a profissional,  definimos fluxos de atendimento, de recebimento de pedido de registro, de demandas de processos éticos e a reestruturação dos serviços do conselho com a execução dos processos licitatórios. Realizamos várias licitações ao longo do triênio. Tivemos a construção do PCCR e a aquisição da tão sonhada sede, um sonho que vigorou cerca de 30 anos. Hoje podemos dizer que esses são grandes legados. Nós conseguimos maior aproximação com a categoria, tanto melhorar o canal de comunicação como intensificar a orientação/fiscalização através das assistentes sociais fiscais nos 141 municípios de Mato Grosso.

Que balanço faz da sua gestão?

Nossa gestão teve uma capilaridade muito grande junto as entidades sindicais, junto a outros conselhos e aos movimentos sociais. Cada uma das conselheiras esteve engajada em todas as frentes de atuação, coordenando ou participando das comissões do Cress. Posso dizer que foi muito trabalho realizado! Vemos isso quando fazemos uma retrospectiva das fotos, dos eventos. Também a campanha do combate ao racismo, foi um avanço para nosso conjunto e nosso conselho. Além disso, nós realizamos vários seminários estaduais, coisa que não se fazia com tanta frequência.

Qual a importância dos/das profissionais e do CRESS MT para a sociedade?

O CRESS tem sua importância porque é o órgão responsável por defender o exercício legal da profissão, por orientar profissionais e fiscalizar. A população ganha quando pode contar com profissionais cada vez mais qualificados e que estejam afinados com o projeto ético-político da profissão. Nós temos um projeto que tende a defender os interesses da população, da classe trabalhadora, fazendo a defesa pelos direitos humanos e sociais na luta pela igualdade. Nós somos contra todo e qualquer arbítrio ou autoritarismo e defendemos que a população tem direito de ter qualidade de vida: moradia, trabalho, renda, assistência social, saúde, enfim, direitos essenciais para a sobrevivência. Quando se tem um conselho de serviço social forte, você tem profissionais fortalecidos também. O Conselho é a entidade que fornece bases no aspecto da ética e das normativas, portanto, funciona como um apoio para que esses profissionais possam exercer de maneira mais autônoma, com melhores condições éticas e técnicas o seu trabalho. Nós defendemos muito a liberdade como valor central do assistente social e estamos hoje num momento muito delicado: vendo cada vez mais cerceamento das liberdades democráticas, cerceamento da autonomia profissional. A sociedade de um modo em geral precisa entender que o profissional assistente social não é só um mero executor, mas atua também no planejamento, ele deve ser propositivo, crítico, engajado e antenado com os problemas do país.

 Que mensagem você gostaria de deixar para os/as assistentes sociais neste 15 de maio e que poderia ser dita em qualquer dia do ano?

Dizer para cada um e cada uma que não desista nunca, porque esta profissão é uma profissão de luta. É uma profissão que requer, cada vez mais, aperfeiçoamento e aprimoramento, por isso é preciso buscar sempre o aprendizado. A educação permanente é algo que o Conselho buscou fortalecer, no sentido de atuar nessa área pedagógica e poder fortalecer o trabalho lá na ponta. Quero dizer para os assistentes sociais que as melhorias nas condições de trabalho, a melhoria nos níveis salariais, é uma luta coletiva, mas que tudo isso depende do empenho de cada um e cada uma. Digo isto, no sentido de defendermos junto com o Conselho melhores condições éticas e técnicas de trabalho, o CRESS não faz nada sozinho! Nós precisamos da participação dos profissionais nas comissões temáticas que são instâncias consultivas de apoio a gestão do Conselho.  Ao longo da minha vida aprendi que para fazermos a diferença precisamos buscar o aperfeiçoamento e, para isso, participar dos eventos do CRESS é muito importante. Era muito triste para nós prepararmos um evento com tanta dedicação e, em algum deles, ver um certo esvaziamento. Esse momento não está sendo fácil, porque parece que as pessoas estão vivendo uma descrença de que nada vai melhorar, nada vai dar certo. Mas nós temos que nos manter otimistas, firmes e perseverantes nessa luta que é coletiva. Cada profissional faz o seu papel onde está, mas nós precisamos nos juntar para fazer esses enfrentamentos coletivamente, junto a outros sujeitos coletivos.  Isso porque a história nos mostra que as lutas coletivas foram as que deram certo e que foram nos momentos de crise, como essa que estamos vivendo que não é somente sanitária, mas política e econômica, que a civilização e a população conseguiram obter conquistas. As políticas públicas e sociais surgiram de momentos difíceis de extrema crise, onde os movimentos sociais, profissionais, trabalhadores deram a sua resposta e a sua contribuição.

 

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